sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Açúcar terá efeito no cérebro idêntico ao da cocaína

Estudo com base biológica testada em ratos
 É comum ouvir-se que o chocolate é um vício. Estudos científicos realizados nos Estados Unidos vieram comprovar que o açúcar pode causar um efeito no cérebro semelhante ao da cocaína.

Actualmente, existem já evidências de que os alimentos ricos em gordura, açúcar e sal podem alterar a química do cérebro, do mesmo modo que as drogas duras, como a cocaína e heroína.

A ideia, considerada polémica há apenas cinco anos, está a tornar-se uma teoria aceite entre investigadores. Mesmo assim, os mecanismos biológicos associados ao vício da fast-food ainda não foram revelados.


Em 2001, os neurocientistas Nicole Avena, da Universidade da Florida, em Gainesville, e Bartley Hoebel, da Universidade de Princeton, começaram a explorar a ideia com uma base biológica.O

Inicialmente, os investigadores procuraram sinais de adição em animais alimentados com fast-food. O açúcar é um ingrediente chave na grande parte deste tipo de comida.


Assim, foi administrado a ratos um xarope, de concentração similar ao do açúcar presente numa refrigerante comum, durante 12 horas por dia. Ao mesmo tempo, outro grupo de ratos foi alimentado com água e comida normal.

Um mês após essa dieta, os ratos desenvolveram alterações de comportamento cerebral, identificadas pelos investigadores como idênticas às dos animais viciados em morfina. O grupo alimentado com o xarope demonstrou ainda um comportamento ansioso quando esse ingrediente foi removido.

Após este estudo, publicado em 2008, outras investigações em animais têm confirmado a base biológica para a dependência de açúcar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A ciência por detrás do medo

 Investigadores italianos tentam perceber circuito cerebral da emoção e das reacções que esta gera
O medo pode produzir reacções muito diferentes durante todo o processo que ocorre numa área específica do cérebro. Os cientistas definiram esta região em ratos e identificaram o tipo de neurónios que determinam a reacção a um estímulo que produz o medo. O estudo, publicado na Neuron, indica que a decisão sobre a permanência ou não do cérebro paralisado é uma tarefa mais complexa do que se pensava anteriormente.


Investigadores do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) e da empresa GlasoSmithKline, em Itália, combinaram técnicas farmacêuticas e genéticas com a ressonância magnética funcional. Deste modo, puderam controlar a actividade de células específicas no cérebro dos ratos que sentiam medo.


Os ratos foram geneticamente modificados com o objectivo que apenas as células citadas contivessem um receptor químico para um determinado medicamento. Quando os cientistas injectaram esse fármaco num rato actua sobre o receptor e bloqueia a actividade cerebral dessas células, o que permite aos investigadores deduzir o papel das células no controle do medo.

Segundo o EMBL, os neurónios tipo I, na amígdala cerebral apagaram-se, já que se suponha que estavam relacionados com o medo. Para medir esta emoção, tentaram associar um som a um estímulo desagradável, o que deixava os ratos paralisados quando o ouviam.

“Quando inibimos estes neurónios, não me surpreendeu ver que os ratos já não ficavam paralisados, porque isso é o que se supõe que faça a amígdala. Mas ficamos muito surpresos quando tiveram outros comportamentos que indicavam que estavam a analisar o risco”, afirmou Cornelius Gross, coordenador da investigação.

Córtex no processo

“Apercebemo-nos que não estávamos a bloquear o medo, porque os ratos passavam de uma estratégia passiva para outra mais activa e isso não é o que se pensava anteriormente sobre a função da amígdala”, comentou o investigador.
Ao fazer um scan no cérebro dos ratos, também foi possível observar que a alteração de comportamento estava acompanhada com uma grande actividade noutras partes do cérebro, mais concretamente no córtex.

Ao bloquear esta zona com outro medicamento, voltou a observar-se um comportamento de paralisia associado ao medo.

Este circuito, até agora desconhecido, implica uma grande abertura para o desenvolvimento do estudo do mecanismo do medo.

domingo, 5 de setembro de 2010

Condições climáticas permitem descoberta de área arqueológica

Ruínas romanas não era visíveis desde 1976

A presença de antigas civilizações está agora a descoberto, e com pormenores surpreendentes, graças ao clima de verão excepcionalmente seco e à nuvem de cinzas do vulcão islandês. Durante o verão, centenas de marcas de antigas construções, do período Neolítico à II Guerra Mundial, soterradas em terrenos do Reino Unido, foram avistadas por avião pelo English Heritage Institute, que também recolheu imagens.

Segundo o instituto dedicado ao património histórico do país, as ruínas foram encontradas próximas da cidade de Bradford Abbas, na região de Dorset, no sudoeste da Inglaterra. Nas fotos, tiradas em Junho passado, é possível observar um muro circular que terá servido de protecção aos soldados romanos durante o período militar, no Século I d.C.

Já no Norte do Reino Unido, na cidade de Tadcaster, em North Yorkshire, os arqueólogos tinham encontrado um forte com mais de dois mil anos. “As marcas em lavouras são sempre mais visíveis em tempo seco. Este ano, tiramos partido das condições climáticas e concentramo-nos em zonas onde há poucas descobertas arqueológicas”, afirmou Dave MacLeod, analista do Instituto English Heritage.

A organização britânica revela ainda, na página oficial, que algumas das recentes descobertas arqueológicas não eram visíveis desde a seca ocorrida em 1976.

Fumar cannabis pode aliviar dor

Investigadores adiantam que consumo da planta pode melhorar o sono e a ansiedade

Muito se tem debatido acerca dos efeitos da cannabis.

Um novo estudo, publicado no Canadian Medical Association Journal, sugere que fumar esta substância através de um cachimbo pode reduzir de forma significativa a dor nas pessoas com lesões nervosas.

A investigação mostrou ainda que a cannabis melhora o sono e a ansiedade. Perante os resultados, os autores defendem que devem ser realizados estudos maiores e com o uso da cannabis inalada.

Estima-se que um a dois por cento da população sofra de dor neuropática, um tipo de dor crónica causada por uma lesão nos nervos ou numa região do sistema nervoso central que transmite sinais de dor.

Existem poucos tratamentos eficazes para este problema e alguns doentes têm vindo a afirmar que fumar cannabis os ajuda a aliviar a dor. Aos investigadores resta ainda saber se os canabinóides em forma de medicamente também produzirão o mesmo efeito. 

Singular dinossauro predador encontrado na Roménia

 Estudo sobre «Balaur bondoc» é esta semana publicado na na «Proceedings of the National Academy of Sciences»
Um dinossauro carnívoro até agora desconhecido está a ser apresentado por investigadores da Universidade de Bucareste e do Museu de História Natural dos Estados Unidos. Chamado Balaur bondoc, este animal vivia no território que é hoje a Roménia durante o Cretáceo Superior (de 98 a 66 milhões de anos).

Os investigadores acreditam que, apesar de muito diferente, terá “parentesco” com o conhecido Velociraptor e com alguns dinossauros com penas encontrados na China. O estudo sobre a espécie é publicado esta semana na «Proceedings of the National Academy of Sciences».


O nome que lhe foi dado significa “dragão robusto”, em romeno antigo. O dinossauro media aproximadamente dois metros, sendo maior do que os animais que partilhavam o mesmo habitat. Naquela época, grande parte do que é hoje a Europa estava coberta de água, havendo ilhas isoladas.

A actual Roménia era parte deste conjunto de ilhas. Por isso, os achados feitos neste país constituem uma das melhores fontes de informação sobre a época dos dinossauros.

Um dos autores do estudo, Stephen Brusatte, do Museu de História Natural, afirma que o Balaur bondoc pertence a uma "geração" de dinossauros predadores muito diferente dos conhecidos até agora.

Devido ao que se chama de "efeito ilha", as espécies que habitam neste tipo de territórios são tendencialmente mais pequenas do que as que vivem em continentes. No entanto, este dinossauro teria um tamanho semelhante aos continentais. Por isso, o contraste com os animais que lhe serviam de presas é muito grande.

Este é o esqueleto mais completo encontrado na Europa de um predador do último período da era Mesozóica. O animal tem, pelo menos, 20 características que o diferenciam dos outros dinossauros com os quais os cientistas acreditam ter parentesco.

Relatório divulgado hoje revela aumento de 'malware' em 2010

 Facebook é das empresas com mais ataques
Um relatório divulgado hoje por uma das empresas criadoras de um dos mais rápidos e eficientes sistemas de segurança, BitDefender, relativo ao primeiro semestre de 2010, avança que se verifica um aumento considerável do malware e o Facebook está em quarto lugar como mais afectado. O PayPal, eBay e HSBC lideram os primeiros lugares das empresas mais atacadas, sendo o malware maioritariamente originário da China e da Rússia. O volume do spam farmacêutico representa dois terços do total detectado entre Janeiro e Junho.

As instituições financeiras foram o alvo preferido dos ciberdelinquentes, perfazendo um total de 70 por cento do total das mensagens de phishing. As redes sociais também foram vítimas de um intenso ataque, estando o Facebook em quarto lugar.

O Mundial e as inundações na Guatemala foram dois dos eventos utilizados para lançar os ataques. Entre Janeiro e Junho o spam cresceu até representar 86 por cento do total, devido sobretudo ao aumento do spam farmacêutico que passou de 51 para 66 por cento

O ‘Trojan.AutorunINF.Gen’ ocupou o primeiro lugar do malware mais activo no primeiro semestre de 2010, com um total de 11 por cento. A China e a Rússia estão na liderança, como os países que mais os albergam, com 31 e 22 por cento, respectivamente.

Previsões

Os especialistas da BitDefender alertam para o facto dos primeiros seis meses de 2010 terem, sido dominados por ameaças convencionais (como troianos), no entanto, outros que atacam aplicações mais populares têm vindo a ganhar terreno tanto em quantidade como em prejuízos produzidos.

No caso do ‘Exploit.Comele.A’, as vulnerabilidades 'zero-day' poderiam ser utilizadas com fins que vão para além do roubo de identidade ou de dados bancários, para serem usadas em ataques relacionados com a ciber-guerra ou espionagem industrial de alto nível.

"Com o Facebook a superar os 400 milhões de utilizadores, a maioria dos autores de malware irá seguramente centrar-se nas plataformas de redes sociais para lançar novas criações", diz o comunicado.

Temperatura na Península Ibérica aumenta mais do que no resto do Mundo

Estudo publicado na «Climatic Change»
analisa período entre 1950 e 2006

Na Península Ibérica, os dias estão a ficar mais quentes do que no resto do Mundo, concluiu um estudo da Universidade de Salamanca publicado na revista «Climatic Change». Devido ao impacto que as temperaturas têm na agricultura e na saúde, os investigadores da universidade espanhola analisaram as variáveis mais representativas destes extremos térmicos desde 1950 a 2006.

Os resultados revelaram que se registou um aumento dos dias quentes maior do que no resto do mundo. Também foi detectada uma diminuição das noites frias, tendência que acompanhou a descida global.


São poucos os estudos que se centram nos extremos climáticos e nas alterações que estão a ocorrer nas temperaturas máximas e mínimas ou nas variáveis dias quentes e noites frias.

Até agora, a maioria dos investigadores tinha analisado as alterações da temperatura média à escala global. Estes resultados indicavam que o aumento das temperaturas se deve “mais provavelmente” a factores antropogénicos.

Esta nova investigação permitiu analisar, do ponto de vista físico, as causas das variações dos extremos climáticos, ou seja, verificar “que alterações se estão a produzir nas massas de ar que chegam à Península Ibérica, bem como na temperatura do mar”, segundo explicou ao diário espanhol «El Mundo» Concépcion Rodríguez, autora principal do trabalho e investigadora do Departamento de Física Geral e Atmosfera da Universidade de Salamanca.


“A tendência de diminuição de noites frias corresponde com a obtida à escala global, segundo o relatório do Painel Inter-governamental para as Alterações Climáticas (IPCC). No entanto, o crescimento de dias quentes na Península Ibérica é superior ao obtido globalmente para todo o planeta”, afirmou.

Para explicar estas diferenças, a equipa científica relacionou o aumento de dias quentes com índices que representam a variação das características da atmosfera e dos oceanos. Desta forma, “os dias quentes estão relacionados com os padrões atmosféricos, enquanto as noites frias dependem da temperatura do mar [do Atlântico Norte]”, explicou a investigadora.

O tempo que traz a massa de ar desde o Norte de África é a principal causa do aumento de dias quentes. “O tipo de tempo que provoca mais noites frias é a depressão sobre o golfo de Génova, que transporta ar seco e frio do Centro da Europa para Espanha”, explica Concépcion Rodríguez. A investigadora acrescenta ainda que as alterações no número de dias quentes e de noites frias são mais pronunciadas a sudoeste e noroeste da Península Ibérica e que “uma das causas prováveis destas alterações é a variação da temperatura superficial do mar no Atlântico Oriental”.